quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Odor da morte se espalha pelas ruas

Dois dias após o terremoto que destruiu boa parte do Haiti, os desabrigados agora enfrentam o risco de epidemias à medida que os corpos apodrecem nas ruas de Porto Príncipe, espalhando mau cheiro pela cidade.
Nesta quinta-feira, o embaixador do país no Vaticano, Carl-Henri Guiteau, fez um apelo para ajuda:
- O risco de epidemia é real, existem muitos corpos nas estradas e muitos feridos. Entre as ajudas internacionais está prevista também a chegada de câmaras frigoríficas para os cadáveres.
No Hospital Central de Porto Príncipe, centenas de corpos apodrecem sob o sol, diante do olhar impotente dos haitianos. Feridos imploram por um médico e rezam para que não acabem no "pátio dos mortos". O presidente Préval já admitiu que o país não tem condições de atender todos os feridos.
Sem luvas e com algodões empapados em álcool para se protegerem do odor da putrefação, as pessoas procuram parentes em meio a uma montanha de corpos, mutilados, seminus, cobertos de poeira e infestados de moscas, com a esperança de dar a eles um enterro digno.
Ao apontar para um corpo coberto com um lençol branco, o haitiano Jean-Lionel Valentin afirmou:
- Finalmente encontrei minha prima. Mas agora ninguém quer me ajudar a levá-la. Os taxistas cobram uma fortuna e vou ter que deixá-la aqui de novo.
Enquanto suportava as náuseas e procurava sua irmã entre os mortos, a haitiana Florentine disse:
- Deus deve estar com raiva de nós porque nos atingiu com força.

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