Faz tempo que a TV vem perdendo audiência no Brasil. Muito antes da Internet, começou o processo de desencanto.Todos devem se lembrar que nas décadas de 70 e 80 as manhãs eram tomadas por programas infantis, em todas as estações. Primeiro foi Os Trapalhões, ainda na velha Rede Tupi de TV e que depois passou para a TV Globo. Nesta havia ainda o programa do TOPO GIGIO que fazia tanto sucesso com as crianças e acabou por ganhar os adultos e o horário nobre. Algum tempo depois vieram todos os outros. O SBT com o programa do Bozo, da Mara, do Sergio Malandro, da Eliana e depois veio a Rede Manchete (hoje Rede TV), com o programa da Xuxa, depois da Angélica, entre outros. Isto sem contar com o programa do Sítio do Pica Pau Amarelo. A Rede de TV do governo também enveredou pelo rico filão. Dava audiência e faturamento. Alguns canais entravam pelas tardes com as mesmas atrações. A criança e o adolescente ditavam a programação. Tanto era assim que nos programas humorísticos da noite, os personagens infantis viraram atração e neles apareciam com freqüência.
Essa programação era tão forte que suscitava no país uma ampla discussão entre psicólogos e educadores sobre a escravização da criança pela tela da TV. Escravizar não escravizou, mas a TV instituiu entre nós a erotização da infância através de sua programação. E se foram trapalhões,bozos e companhias das manhãs. A programação infantil tal como era acabou.Veio um outro tipo de atração,mas sem a força do faturamento da outra.Hoje a criança está curtindo desenho na TV aberta ou por assinatura, ou vai para a Internet. E faz isso tanto em casa quanto na escola.Os jogos e DVDs ocupam o que sobra de tempo. Já o adolescente foi direto para a Internet mesmo. Foi o primeiro susto na TV. E agora não para de chegar safanões.
O Terra TV, canal do site provedor do mesmo nome, existe há três anos e reúne 9 milhões de usuários mês. O grande sucesso são as séries americanas, entre as quais a LOST. Outro episódio, insignificante, que serve para iluminar o futuro aconteceu em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. O shopping Pátio Central foi inaugurado em janeiro de 2009 no Centro da cidade e destinado a consumidores de classes C e D. Quase toda a verba de publicidade foi destinada à TV. As vendas não decolavam. No mês de maio, a campanha para o Dia das Mães foi veiculada nos sites de notícias da cidade. Os “banners” foram tão criativos e o gesto tão ousado que o resto da mídia foi atrás da iniciativa gerando uma série de matérias que acabou por colocar naquele mês mais de 30 mil clientes no estabelecimento.
Outro fato que passa despercebido ao grande público, com relação à TV, está na mídia impressa. Faz uns 10 anos, mais ou menos, que o grande canal de divulgação de lançamento das novelas e programas de TV são as colunas dos jornais e revistas. É estranho que o veículo de maior penetração necessite de linhas que serão lidas por uma minoria para anunciar e reforçar sua programação. Nos tempos atuais trava-se uma verdadeira “guerra” nas colunas com notas realçando o desempenho de tal e qual programa e tal novela. Esse aparato jornalístico não se destina ao telespectador. Com a audiência em queda a TV necessita reforçar o prestígio da programação junto aos anunciantes para manter o faturamento.
Quem foi observador percebeu que no mês de setembro de 2009, data da estréia de novas programações nas redes de TV abertas, o grande anunciante da mídia impressa foi a Televisão. Foram páginas e páginas nos jornais e revistas. A Globo anunciava sua nova novela, a Record suas novas atrações, o SBT seus novos contratados e a Band a programação jornalística. É estranho que o grande anunciante da mídia seja a rainha da mídia. Com isso a TV não busca telespectadores. Esse material,junto com os números do Ibope dos televisores ligados, é que irá reforçar os “argumentos” das agências de publicidade para convencer o cliente que detém a gorda verba de publicidade. E aí reside uma máxima conhecida como mídia técnica. Quem tem mais audiência leva a maior parte do bolo da verba. E quem faz mais barulho nos jornais e revistas reforça o caixa na hora da venda dos espaços comercias.
Esse modelo altamente enraizado no setor é que vai dificultar a consolidação da Internet como veículo.
Fonte: metendobico
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